28 agosto, 2014

Há gosto em falar de mim?

Não estou confortável, os ciscos de fora deixaram de fazer cócegas. Sinto muito por nós. Eles zombam e cantam serenatas desprezando os meus sentimentos. Prometeram fazer companhia, mas ainda não os vi. Alguns estão do seu lado e sempre estiveram. Outros, talvez, do meu.

Passei a namorar borboletas, elas imploram pela identificação pois possuem pouco tempo para viver. Assim finjo ocupar um pequeno pedaço do tanto que esvaziei de você. Elas passam de hora em hora e nunca se repetem e, quando morrem, ponho-as num álbum para fingir recordações.

Cada história que passa traz consigo coleções de momentos. Invejo. Bem me diziam que precisava lidar com isso. Não somos quando desacompanhados. Quem dera fôssemos.

E você, o quê aprendeu comigo que exerce sozinho?
Ao repartir o pão, nenhum miolo volta a ser o mesmo quando se junta.

Leve-me para onde for e prometo te dar um bom passeio.
Use-me com sabedoria e estarei aqui.

Agosto fala de mim.
Todo dia quatorze falará.