08 dezembro, 2010

Palavras.

 Quanto às palavras ditas pela boca do amante ninguém jamais irá retirar senão ele próprio com o beijo da pessoa amada.

  Toda vez que eu encontro-a as palavras insistem em se bater e rebater entre bochechas e céu da boca até encontrarem-se aos lábios e saltarem para fora. Falei. Tão belas palavras que poderiam ser guardadas para outra ocasião, talvez para o momento perfeito. Mas precocemente já faziam parte da minha vida, e agora da dela.
  Já tinha dito tudo, e só esperava que ela dissesse alguma coisa e que o momento perfeito pudesse ter sido agora. Mas ouvi apenas um "Que fofo". O momento não era agora. De que valeu?
  Mas e se eu esperasse um tempo e repetisse tudo isso no futuro? Será que ela lembraria e me acharia um tolo por repetir tão insanas palavras? Ou pensaria que são palavras lindas ditas pela boca de um antigo e eterno fofo? Pior seria se ela não levasse a sério como da última vez.
  Agora com a cabeça encostada no travesseiro só penso, e penso inclusive em uma maneira de retirar todas as palavras ditas. Penso também em novas possibilidades não pensadas como a de ela ter levado a sério e vestido uma máscara para disfarçar toda a vontade que sentia. Mas descarto esta possibilidade e procuro pensar em novas.
  Tantas possibilidades, mas a mais próxima é a de que as palavras não tenham sido ditas, e estejam ainda apenas na vontade. Tenho também vontade de que um dia toda esta citada vontade passe ou que alguma destas possibilidades se realize.
  Mas duvido, e não devo duvidar.