"O mundo é um espelho, pois se sorrires para ele, ele sorrirá para ti." - Gustave Le Bon
Logo cedo lavei meu rosto e olhei para o espelho. Como de costume, dei um sorriso - falso - com esperança que este primeiro sorriso da manhã alegrasse o meu dia. Não que isso nunca ou sempre acontecesse. Era costume só.
Peguei e coloquei a pasta na escova de dente e depois olhei novamente para o espelho e pensei comigo mesmo: "Sou eu, quem sempre fui". Só que o dia agora era outro.
Quando estou para levar a escova até a boca percebo que a pasta que ora estava ali, caiu na pia. "Sou eu, quem sempre fui. Desastrado logo cedo" - pensei.
Coloco mais pasta na escova. Escovo os dentes. Dentes que me deixaram por quase dezesseis anos sorrir - sorriso bonito, como alguns diziam -. Dentes que também me deixavam pronunciar corretamente - talvez algumas asneiras ou bons conselhos. - Dentes que me faziam morder - a comida ou alguma pele que estivesse dando sopa. -
Depois de escovar os dentes e fazer qualquer outra coisa, me dei conta de que o dia já havia começado. Só esperei então que ele fosse um bom dia. E então em cinco ou mil passos já estou no ponto do ônibus. Impaciente, olho para trás e vejo mendigos canários que sofrem procurando sua comida na terra. Quem dera estivessem presos, com comida ao lado do puleiro, mas talvez estariam muito pior sem a liberdade de poder viver sua natureza.
Ouço um barulho. Sei que algo grande está se aproximando. E é quando vejo aquela máquina que vai me levar a algum destino chegando perto. Aceno.
- Bom dia. - me diz o motorista que pela aparência parece estar tendo um ótimo dia. É claro, os assentos não estão lotados hoje.
- Bom dia. - eu respondo entregando a nota azul e duas pequeninas moedas na mão do homem.
Sigo em frente, o meu dia ainda está no início. E sim, será um novo e bom dia.
