- Coincidência que estejamos nós dois sentados nos mesmos bancos envernizados da última prosa. Desculpe a indelicadeza e a utilização de uma frase clichê e barata, mas vem sempre aqui? É que não freqüento muito bares e lembro-me de ter visto você outras vezes por estas bandas. Posso pedir um drinque ou você parou de beber? Prometo que será um drinque caro, pois sei que os assuntos contigo são dos mais interessantes embora você fale pouco. O silêncio às vezes diz muitas coisas, sabia? O de agora, por exemplo, diz que teremos uma noite proveitosa. Não, não leve isso como uma cantada, eu estou aqui para me divertir. Se quiser partir pegue o seu casaco e vá para o outro lado do bar, eu juro que não corro atrás. Não quero parecer insistente, pois sei que tem muitas outras mulheres bonitas e a noite está apenas começando. E este sorriso no canto da boca? Já vi que percebeu que eu não sou um homem comum. Não vai me dizer nada? Ok, eu já percebi que você gosta de me ouvir. Vou contar a minha história para você. Não? Ok, ela não é tão interessante assim, no máximo eu diria que sou mais um escravo do trabalho, o que não vem ao caso. Estou aqui para curtir, é isso, prefiro deixar a vida corrida lá na porta que quando sair eu pego de volta.
- Preciso ir ao banheiro. Espere-me aqui.
O banheiro era do outro lado. Não sei o que aconteceu, talvez ela precisasse de um trouxa que lhe pagasse uma bebida. Mas não faz mal, eu também precisava de uma tola com quem pudesse conversar. E afinal, se eu precisar de beijos e carícias sei que haverá outras mulheres bonitas no bar e a noite está apenas começando, não é mesmo?