08 junho, 2017

O eu, a fé.

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É preciso sabatinar da euforia, colocar os pés no chão, perceber que todas as bênçãos às vezes recaem, e reconhecer que a monotonia é mansa, o normal reabastece os impulsos do coração para que eles voltem a ter objetivos bem traçados para guiar o futuro.


Sentei e refleti sobre os três aspectos mais importantes da minha vida: profissão, relacionamento e família. Em todos havia instabilidade. Nenhum por minha culpa. Então peguei uma biografia que estava esquecida no criado-mudo e devorei. Refletindo sobre a vida do outro, pude me lembrar de duas premissas ainda mais importantes, quiçá fundamentais: a fé e o eu. E com esses estava tudo bem, desde que eu mantivesse a calma e não deixasse que os outros três os devorassem.

Pensei algumas vezes que se fosse o início de uma depressão estaria tudo bem, que seria necessário assumir para que ela deixasse de ser.  Mas não era, e não foi. Mantive-me em pé. Há um tempo estava lendo e assistindo algumas coisas sobre espiritualidade, e então notei o quanto sou fascinado por esse tema. A fé sempre foi muito relevante na minha educação. Sou neto de uma senhora legionária, e aprendi com os erros dela sobre sua crença que para adorar um Deus é preciso encontra-lo dentro de si. Compreendi que a fé não é superior, mas sim interior. Aí me interessei por todas as outras religiões, crenças e filosofias. Nunca me aprofundei sobre nada, mas se alguém me parasse em um momento oportuno para falar sobre o que acredita, eu estaria disposto a ouví-lo.

No stress de não compreender minha própria vida, busquei a fé e, ao invés de pedir, agradeci como costumo sempre fazer. Embora existam particularidades na minha existência, sei que sou privilegiado. Das bênçãos que recebi compreendo que deveria compartilhar, minimamente, experiências. Porém, entre reflexões, percebi o eu. O eu perfeito, sem deficiências, inteligente, honesto, educado e sortudo. Então sorri. A vida sorriu. Levantei, vi todos os meus defeitos no espelho e antes que pudesse julgar a mim mesmo resolvi observar cada detalhe que me fazia sentir especial. E sorri novamente. Há tantas oportunidades para que eu possa refazer o que me entristece e tanto tempo a ser percorrido que nada seria suficiente para me derrubar.

E vou em frente, preparado para matar os meus próprios leões antes de encontrar os propósitos pelos quais a profissão, os relacionamentos e a família estarão abertos a acolher e também me proporcionar.