10 outubro, 2022
Doce
20 setembro, 2021
Desague em nós
A gente deveria se preocupar quando está contando as horas pra acalmar o coração. A verdade é que ele não acalma, é maré brava. Me disseram que vivo de ilusão, que sou ser imaginativo. Ora, logo eu? Tão distantes de mim os pensamentos criativos, apenas hora ou outra maquinando os dedos entrelaçados, as mãos no rosto macio, nas madeixas, os sorrisos se reconhecendo em timidez e sincronia. Romântico? Capaz.
Haveria amor no acaso? Ou mera reciprocidade?
O céu descoberto é nossa sina, não é não? Nada mais enérgico e sinestésico que o mundo nu. Olhar pra cima e ver natureza pura encanta enquanto retorno os olhos marejados cruzando aos seus. No céu e nos seus olhos eu vejo futuro, vejo o sinônimo da natureza que desagua quando convém. A chuva, a lágrima. Correr das gotas é uma habilidade que me desfiz, preferi interpretá-las com o coração. Vivê-las, sabe? Voltar encharcado de sentimentos, me secar da solidão e encostar meus lábios no salgado de felicidade que escorre nas maçãs do seu rosto.
A delicadeza dos seus traços me fascina, me encanta a leveza da sua masculinidade combinada ao peso dos seus movimentos. Enquanto levanta, admiro seus ombros largos, e quando se vira, me olha, eu derreto sob a fragilidade.
Como seria o nosso encaixe, hein?!
30 setembro, 2019
Distante e Honesto
Como viver o fim do mundo, você precisa aproveitar seus últimos instantes intensamente. O meu intenso foi fazer nada. O dele também.
“Eu só queria poder viver os domingos como se fossem domingos com você”. Nossos domingos são agitados, quando bons ainda tem sempre uma viagem embutida neles. Respiramos fundo. Eu não precisei dizer mais nada, todo nosso sentimento era recíproco. “De tantas coisas ruins que poderiam ser, a distância parece ser nosso único defeito. E nem é nosso.” “A distância é o pior defeito que poderia ser.” Pois é. Mas havia muito ali. Muito de nós se reconhecendo e mostrando que não se fez por um fim sem graça. “Eu não quero isso”, eu repeti. Ele secou minhas lágrimas, deu um quarto de sorriso que quase nem apareceu, e repetiu minhas palavras. A gente sabia que não queríamos. “Eu preciso mais de mim”. “Eu te ajudo”. “Eu não acho fácil”. “Eu facilito”. “Queria ser um pouco como você”. “E não é mais fácil tentar estando mais perto?”. Por fim, está bem. De todos os nossos defeitos a distância ainda pode nos aproximar. No tempo dela. Desistimos. Não de nós, mas dessa bobeira toda de não insistir. Permanecemos. Meu sorriso denuncia como estou aliviado e feliz com isso. “Te amo”. E aquele quarto de sorriso. “Muito”. “Eu também”.
04 julho, 2019
Cheiro de você
no sonhos dos seus deuses
acorda
me dá a mão
Abraça, um afago, um afeto
e quando tá demais
o vizinho bate
no teto
Sorri
pra mim
eu quero sim
você aqui
sorri
Quero uma manhã de alecrim
cheirando banho
capim e lavanda
me assanho
Sou rio sem motivo
como água no riacho
quando encontro o mar
me encaixo
Sorri
pra mim
eu quero sim
você aqui
sorri
Em pensamento eu me lembro
dias atrás
quando eu, você
sonhávamos demais
Um riso exagerado
com dentinho de canjica
nao liga
voce tá do meu lado
13 março, 2019
Fim do Jantar
Haviam me dito que amar era lindo, mas descobri ser psicopatia. Te envolve, te desembrulha todo até ficar frágil e golpear. Não sobra sequer um suspiro. Você se permite a novos amores, mas acaba ficando selado. O que te sobra é o plano espiritual.
Te acalenta com ilusões que crê para que a dor passe mais depressa. Assim como o amor, te prometem um futuro melhor.
Costumo crer, querida, nas pessoas. Deixo-me envolver por quem se permite interessar por mim. Confio como se nunca tivesse acreditado em outra pessoa. Mas me entreguei para você. Enquanto me libertei senti o seu coração apertar. Doeu? Pois agora o meu dói. Voe, Laíse, voe.