20 setembro, 2021

Desague em nós

Quer ouvir Yellow junto?


A gente deveria se preocupar quando está contando as horas pra acalmar o coração. A verdade é que ele não acalma, é maré brava. Me disseram que vivo de ilusão, que sou ser imaginativo. Ora, logo eu? Tão distantes de mim os pensamentos criativos, apenas hora ou outra maquinando os dedos entrelaçados, as mãos no rosto macio, nas madeixas, os sorrisos se reconhecendo em timidez e sincronia. Romântico? Capaz.


Haveria amor no acaso? Ou mera reciprocidade?


O céu descoberto é nossa sina, não é não? Nada mais enérgico e sinestésico que o mundo nu. Olhar pra cima e ver natureza pura encanta enquanto retorno os olhos marejados cruzando aos seus. No céu e nos seus olhos eu vejo futuro, vejo o sinônimo da natureza que desagua quando convém. A chuva, a lágrima. Correr das gotas é uma habilidade que me desfiz, preferi interpretá-las com o coração. Vivê-las, sabe? Voltar encharcado de sentimentos, me secar da solidão e encostar meus lábios no salgado de felicidade que escorre nas maçãs do seu rosto.


A delicadeza dos seus traços me fascina, me encanta a leveza da sua masculinidade combinada ao peso dos seus movimentos. Enquanto levanta, admiro seus ombros largos, e quando se vira, me olha, eu derreto sob a fragilidade.


Como seria o nosso encaixe, hein?!